Publicado originalmente na newsletter Inovação Empreendedora.
Startups são empresas embrionárias, fundamentadas em novas tecnologias ou não (importante entender isso), muitas vezes formadas por empreendedores inexperientes em edificar negócios, com suas ideias inovadoras e o sonho de mudar o mundo com soluções revolucionárias. Romantismo? De modo algum, é um propósito legítimo, mas que nem sempre avança como imaginado. Por que isso acontece? Por que a ideia que aponta para uma mudança na sociedade, que resolve um problema real e, portanto, tem público, não se transforma numa realidade de mercado?
Vários são os fatores que podem explicar o fracasso da iniciativa. Por exemplo, o fato de uma ideia que aparentemente resolve um problema não se comprovar eficaz, ou o anacronismo da solução inovadora no sentido de ter chegado antes do tempo ao mercado não conseguindo romper com o paradigma vigente, ou ainda a falta de recursos financeiros para alavancar o movimento de crescimento do novo empreendimento. Mas essas causas, em sua base, têm outra causa raíz por trás, a inexperiência do time de empreendedores em transformar sua ideia em uma solução viável, factível e desejada, construindo um modelo de negócio escalável, repetível e sustentável.
A solução inovadora deve ser economicamente viável, ou seja, consumir recursos financeiros de modo parcimonioso e ao mesmo tempo ter capacidade de capturar valor para o negócio quando alcançar o mercado. Deve ser factível do ponto de vista tecnológico, seja pelo desenvolvimento de uma nova tecnologia ou fazendo uso de tecnologias já existentes. E deve ser desejada, ter um segmento de mercado bem definido com um problema real ainda não solucionado, permitindo que o público-alvo tenha acesso a uma solução que resolve esse problema.
Como potencializar que um time de empreendedores, cheio de energia e engajado numa ideia revolucionária, possa ter mais chances de conceber uma solução que entrega o que promete, que tem um mercado a ser explorado? Aqui entra o papel de um mentor, um profissional experimentado, com conhecimentos diversos e visão holística de negócios, e domínio de ferramentas e métodos que devem ser aplicados na construção do novo empreendimento.
O mentor não pode ser confundido com um consultor ou um conselheiro, há diferenças fundamentais entre esses perfis.
O consultor atua com objetivos bem específicos, em geral com o escopo de transformação em processos, estratégias, funções empresariais ou modelo de negócio, orientando a mudança para uma nova realidade. Portanto, atua sobre o que já existe, considerando o sucesso ou insucesso passado, apontando novos caminhos para a longevidade da empresa estabelecida.
Conselheiros de empreendimentos embrionários são profissionais externos independentes, experimentados em análises estratégicas e tomada de decisão, aportando seu conhecimento em recomendações e aconselhamentos aos líderes desse novo empreendimento. Podem ser investidores no novo negócio, com interesse em proteger seus investimentos, orientando os emprendedores sobre iniciativas a serem implementadas numa jornada de prosperidade do novo negócio.
Por sua vez o mentor, que atua com foco em startups e novos negócios, assume um papel de parceria junto a jovens empreendedores. Por jovens devemos entender não suas idades, mas sim sua iniciativa em dar à luz um novo empreendimento. Infelizmente o empreendedorismo de inovação não é ensinado nas escolas, então suas práticas, ferramentas e métodos deverão ser aprendidos e incorporados ao novo empreendimento à medida que o mesmo vá avançando, algo como abastecer o veículo, trocar o óleo, calibrar os pneus, com o carro em movimento acelerado.
O mentor de startups deve ter atitude mãos na massa (hands on), promovendo discussões sobre a ideia inovadora, seu público-alvo, o potencial de mercado. Faz isso com questões provocativas à reflexão, atuando como se fosse um dos empreendedores com pleno interesse no sucesso do empreendimento. Vai também levar método às etapas do processo do empreendedorismo de inovação, orientando os empreendedores sobre os próximos passos, o que e como fazer, validando os resultados e, quando necessário, sugerindo pivotagens à solução ou estratégias.
Contando com uma mentoria para seu empreendimento inovador, os empreendedores de primeira viagem terão uma vantagem significativa em sua jornada de inovação, ganhando velocidade em seus experimentos e reduzindo falhas em seu caminho. Com isso ampliam as chances de exploração bem-sucedida de sua ideia original, bem como de obter investimento para aplicar na consolidação e crescimento do negócio, na contratação de colaboradores e parceiros chave, em infraestrutura, em marketing e vendas, e outras necessidades.
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